*São listas com oito filmes que buscam exemplificar da
melhor forma o tema proposto.
Gostaria
de me desculpar pela demora em postar no blog. Problemas pessoais
dificultaram e muito o meu trabalho nessas últimas semanas, mas prometo
que não mais atrasarei.
vamos ao texto!
O cinema transformou-se de fato, na primeira mídia de massa
da História no período de 1907 a 1914. Anos importantíssimos para a definição
da linguagem cinematográfica e para a estruturação do processo produtivo que, em
decorrência do aumento da demanda dos exibidores – profissionais que compravam
e transmitiam os filmes -, passara a ser fragmentado em setores, como: direção,
roteiro, iluminação, cenografia, maquiagem, e etc. As salas de cinema f fixadas
em definitivo possibilitando uma maior organicidade no sistema de distribuição
e exibição. Consequentemente, as produtoras se desenvolveram, e começaram a sofrer
pequenas restrições do Estado em sua liberdade criativa: a censura dava seus
primeiros passos.
Os filmes, agora mais longos, são encorpados artisticamente
com histórias mais complexas, temas que fogem do
lugar comum, avanços significativos na montagem, enquadramento, atuação e
iluminação. Os personagens são estruturados num viés mais verossímil com suas
próprias motivações e sentimentos, e a câmera aproximara-se de suas expressões
faciais, em busca de um maior entendimento intelectual e emocional da cena.
São criados os interlúdios, cartelas inseridas ao longo da
projeção, para facilitar o entendimento da narrativa. Se no início eram
letreiros enormes que descreviam a situação, com o tempo, foi-se diminuindo o
texto e encaixando-os como falas dos personagens, facilitando
assim, as suas individualizações.
Grandes avanços ocorreram na montagem - justaposição dos
planos -, pois havia uma preocupação por parte dos cineastas de simplificar o
entendimento da ação. As cenas passam a ser fracionadas em planos com
diferentes enquadramentos, dos mais abertos aos mais fechados, destacando
detalhes não vistos de longe. A dita montagem paralela - cenas em espaços
diferentes intercaladas com o objetivo de mostrar que ocorrem simultaneamente -
destaca-se nesse período como uma ferramenta, que será massivamente utilizada
até os dias atuais, seja conotativamente ou simplesmente para intensificar o
clímax do filme.
A Europa dominava a distribuição dos filmes, encabeçada pela
França que tinha o estúdio Pathé como maior representante: 70% da distribuição
mundial. Ainda em 1906 a Pathé, então dirigida por Ferdinand Zecca, possuía três estúdios e controlava todo o processo de
produção, distribuição e exibição dos filmes, que já compreendiam uma infinidade de gêneros, como obras de cunhos
históricos ao humor físico. Seu maior concorrente, a
Gaumont, do maior estúdio do mundo, tinha Louis Feuillade como principal
diretor que primava pela versatilidade de suas obras, fluindo entre a comédia e
o melodrama.
Já a industria cinematográfica italiana expandiu-se a partir
de 1905 competindo diretamente com França e EUA. Nela destacavam os dramas
históricos produzidos pelo principal estúdio do país, o Cines.
Mediante aos inúmeros concorrentes internacionais, os
estúdios americanos disputavam o mercado doméstico, ainda amplamente dominado
pela produção francesa. As duas principais produtoras, Edison e Biograph, então,
lideraram a criação da MPPC que limitara a entrada dos filmes estrangeiros, que
não fossem dos estúdios da Méliè, Pathé e George Kleine, assegurando uma maior
parcela do mercado aos americanos. A MPPC estabelecera preço fixo pelo rolo do
filme, regularizara os lançamentos num número limitado por semana, determinara
padrões de segurança e higiene nas salas de cinema e lançara campanhas
desestimulando o consumo de material importado, alegando que feriam a moral nacional. Consequentemente, ainda em 1909, os
filmes americanos abocanharam metade do mercado interno, conseguindo
posteriormente, não só dominá-lo por completo, como
também o mercado internacional.
Vamos à lista de filmes:
- Clicando nas imagens abrirão os links dos respectivos vídeos.
- Obs.: Não encontrei o vídeo L'Assassinat du Duc de Guise (1908), quem conseguir encontrá-lo, por favor, entre em contato comigo.
Típico filme transitório entre a linguagem do cinema teatral
e a clássica, pois já é percebido avanços notórios na montagem. Cenas em
espaços diferentes, na casa da família do médico e na dos clientes, sendo
justapostas com intuito de simultaneidade. Destaque para a construção da cena
em que o casal fala ao telefone. O plano se aproxima para que possamos
vislumbrar a feição preocupada do protagonista e para que este seja isolado no
quadro - elementos antes utilizados de forma aleatória, que passam a servir
unicamente à evolução da narrativa.
O filme, do estúdio dos irmãos
Latiffe, inaugurou o cinema arte. A história era contada com agilidade, as
atuações surpreenderam tamanho o realismo e a encenação, antes sempre de frente
pra câmera, colocara atores em movimento posicionando-se naturalmente de costas
e de lado. O contraplano foi criado e a profundidade de campo utilizada em prol
da narrativa, havendo ação tanto no primeiro
quanto no segundo plano.
O início da década de 1910 foi, sem dúvida, uma era de ouro do
cinema dinamarquês e Afgrunden destaca-se como um dos seus principais triunfos.
O filme, produzido pela Nordisk que chegou a estar entre as duas maiores
produtoras do mundo, lançou a primeira estrela do cinema mundial, Asta Nielsen que
estremeceu o mundo ao desvelar o desejo sexual feminino.
Este filme, apesar de não apresentar técnicas realmente originais, destaca-se pela forma competente com que Griffith as agrupa e as utiliza para desenvolver os elementos da narrativa. A montagem paralela intensifica o salvamento de último instante, a estrutura dos planos, com perfeita continuidade espacial, aumenta o impacto das cenas dramáticas e a narrativa se desenrola de forma clara e objetiva.
Max Linder foi o maior astro da primeira geração do cinema. Com seu humor sutil e seus movimentos perfeitamente ensaiados influenciou toda uma geração de comediantes, com destaque para Chaplin que o estudou minuciosamente.
Fantômas (1913) Louis
Feuillade - Seriado francês, adaptado dos contos de Pierre Souvestre e Marcel
Allain e realizado entre 1913 e 1914 pelos estúdios da Gaumont, conseguiu
destaque pela qualidade narrativa e o uso da iluminação para o aumento da
tensão, além do uso dos cenários parisienses como um "personagem"
pulsante da trama.
O suntuoso épico italiano colocou o país no topo da cinegrafia
mundial. Seus enormes cenários construídos em cada detalhe - e não pintados
como os de Méliè -, o uso estético da iluminação artificial, criando o famoso chiaroscuro da arte italiana, e os
elegantes travellings (movimentação
da câmera) serviram de referência a Griffith no desenvolvimento de seus
próprios épicos.
O espetáculo bíblico que serviu de ensaio para sua
primeira obra-prima, a mesma que iria determinar os rumos do cinema: Nascimento
de Uma Nação (1915).
2000 views!
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