quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Lista de filmes: Super 8* - História do Cinema (1907 - 1914)


*São listas com oito filmes que buscam exemplificar da melhor forma o tema proposto.

Gostaria de me desculpar pela demora em postar no blog. Problemas pessoais dificultaram e muito o meu trabalho nessas últimas semanas, mas prometo que não mais atrasarei.
vamos ao texto!


O cinema transformou-se de fato, na primeira mídia de massa da História no período de 1907 a 1914. Anos importantíssimos para a definição da linguagem cinematográfica e para a estruturação do processo produtivo que, em decorrência do aumento da demanda dos exibidores – profissionais que compravam e transmitiam os filmes -, passara a ser fragmentado em setores, como: direção, roteiro, iluminação, cenografia, maquiagem, e etc. As salas de cinema f fixadas em definitivo possibilitando uma maior organicidade no sistema de distribuição e exibição. Consequentemente, as produtoras se desenvolveram, e começaram a sofrer pequenas restrições do Estado em sua liberdade criativa: a censura dava seus primeiros passos.
    
Os filmes, agora mais longos, são encorpados artisticamente com histórias mais complexas, temas que fogem do lugar comum, avanços significativos na montagem, enquadramento, atuação e iluminação. Os personagens são estruturados num viés mais verossímil com suas próprias motivações e sentimentos, e a câmera aproximara-se de suas expressões faciais, em busca de um maior entendimento intelectual e emocional da cena.

São criados os interlúdios, cartelas inseridas ao longo da projeção, para facilitar o entendimento da narrativa. Se no início eram letreiros enormes que descreviam a situação, com o tempo, foi-se diminuindo o texto e encaixando-os como falas dos personagens, facilitando assim, as suas individualizações. 

Grandes avanços ocorreram na montagem - justaposição dos planos -, pois havia uma preocupação por parte dos cineastas de simplificar o entendimento da ação. As cenas passam a ser fracionadas em planos com diferentes enquadramentos, dos mais abertos aos mais fechados, destacando detalhes não vistos de longe. A dita montagem paralela - cenas em espaços diferentes intercaladas com o objetivo de mostrar que ocorrem simultaneamente - destaca-se nesse período como uma ferramenta, que será massivamente utilizada até os dias atuais, seja conotativamente ou simplesmente para intensificar o clímax do filme.

A Europa dominava a distribuição dos filmes, encabeçada pela França que tinha o estúdio Pathé como maior representante: 70% da distribuição mundial. Ainda em 1906 a Pathé, então dirigida por Ferdinand Zecca, possuía três estúdios e controlava todo o processo de produção, distribuição e exibição dos filmes, que já compreendiam uma infinidade de gêneros, como obras de cunhos históricos ao humor físico. Seu maior concorrente, a Gaumont, do maior estúdio do mundo, tinha Louis Feuillade como principal diretor que primava pela versatilidade de suas obras, fluindo entre a comédia e o melodrama.
Já a industria cinematográfica italiana expandiu-se a partir de 1905 competindo diretamente com França e EUA. Nela destacavam os dramas históricos produzidos pelo principal estúdio do país, o Cines.

Mediante aos inúmeros concorrentes internacionais, os estúdios americanos disputavam o mercado doméstico, ainda amplamente dominado pela produção francesa. As duas principais produtoras, Edison e Biograph, então, lideraram a criação da MPPC que limitara a entrada dos filmes estrangeiros, que não fossem dos estúdios da Méliè, Pathé e George Kleine, assegurando uma maior parcela do mercado aos americanos. A MPPC estabelecera preço fixo pelo rolo do filme, regularizara os lançamentos num número limitado por semana, determinara padrões de segurança e higiene nas salas de cinema e lançara campanhas desestimulando o consumo de material importado, alegando que feriam a moral nacional. Consequentemente, ainda em 1909, os filmes americanos abocanharam metade do mercado interno, conseguindo posteriormente, não só dominá-lo por completo, como também o mercado internacional.   

Vamos à lista de filmes:

- Clicando nas imagens abrirão os links dos respectivos vídeos.
- Obs.: Não encontrei o vídeo L'Assassinat du Duc de Guise (1908), quem conseguir encontrá-lo, por favor, entre em contato comigo.


Típico filme transitório entre a linguagem do cinema teatral e a clássica, pois já é percebido avanços notórios na montagem. Cenas em espaços diferentes, na casa da família do médico e na dos clientes, sendo justapostas com intuito de simultaneidade. Destaque para a construção da cena em que o casal fala ao telefone. O plano se aproxima para que possamos vislumbrar a feição preocupada do protagonista e para que este seja isolado no quadro - elementos antes utilizados de forma aleatória, que passam a servir unicamente à evolução da narrativa.


O filme, do estúdio dos irmãos Latiffe, inaugurou o cinema arte. A história era contada com agilidade, as atuações surpreenderam tamanho o realismo e a encenação, antes sempre de frente pra câmera, colocara atores em movimento posicionando-se naturalmente de costas e de lado. O contraplano foi criado e a profundidade de campo utilizada em prol da narrativa, havendo ação tanto no primeiro quanto no segundo plano.

 
O início da década de 1910 foi, sem dúvida, uma era de ouro do cinema dinamarquês e Afgrunden destaca-se como um dos seus principais triunfos. O filme, produzido pela Nordisk que chegou a estar entre as duas maiores produtoras do mundo, lançou a primeira estrela do cinema mundial, Asta Nielsen que estremeceu o mundo ao desvelar o desejo sexual feminino.


Este filme, apesar de não apresentar técnicas realmente originais, destaca-se pela forma competente com que Griffith as agrupa e as utiliza para desenvolver os elementos da narrativa. A montagem paralela intensifica o salvamento de último instante, a estrutura dos planos, com perfeita continuidade espacial, aumenta o impacto das cenas dramáticas e a narrativa se desenrola de forma clara e objetiva.


Max Linder foi o maior astro da primeira geração do cinema. Com seu humor sutil e seus movimentos perfeitamente ensaiados influenciou toda uma geração de comediantes, com destaque para Chaplin que o estudou minuciosamente.


Fantômas (1913) Louis Feuillade - Seriado francês, adaptado dos contos de Pierre Souvestre e Marcel Allain e realizado entre 1913 e 1914 pelos estúdios da Gaumont, conseguiu destaque pela qualidade narrativa e o uso da iluminação para o aumento da tensão, além do uso dos cenários parisienses como um "personagem" pulsante da trama.


O suntuoso épico italiano colocou o país no topo da cinegrafia mundial. Seus enormes cenários construídos em cada detalhe - e não pintados como os de Méliè -, o uso estético da iluminação artificial, criando o famoso chiaroscuro da arte italiana, e os elegantes travellings (movimentação da câmera) serviram de referência a Griffith no desenvolvimento de seus próprios épicos.


O espetáculo bíblico que serviu de ensaio para sua primeira obra-prima, a mesma que iria determinar os rumos do cinema: Nascimento de Uma Nação (1915).    
 


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