Coloquei um link no cartaz direcionando para o filme no Youtube. Acredito que seja de extrema importância conhecê-lo, por ser uma obra fantástica do cinema mudo. É o filme de Chaplin que mais gosto e por ser relativamente curto e bastante engraçado imagino que todos irão gostar também.
Parte 2
Parte 3
E vale ressaltar que essa análise entrega toda a história do filme.
"Em Busca do Ouro", lançado em 1925, foi dirigido, roteirizado e estrelado por Charles Chaplin, que narra as peripécias de Carlisto em Klondike, no Alasca, lançando-se à sorte na conhecida corrida do ouro de 1898.
Chaplin, como humanista e esquerdista, tem nesse filme a obra pelo qual gostaria de ser lembrado. Um filme que, antes da comédia, é uma panfletagem contra o egoísmo humano, o capitalismo selvagem, o totalitarismo e qualquer tipo de opressão ou preconceito. E é dessa forma que devemos analisá-lo.
A introdução, com plano geral dos garimpeiros marchando à montanha de gelo, não só registra as dificuldades da empreitada como sucede a dois tipos de leitura: homens diminutos e frágeis inseridos naquele grandioso e traiçoeiro cenário e a uma falsa unidade cooperativa enfileirando-se como formigas ao migrarem por alimento - falsa, pois a ambição humana em busca da riqueza extrapola a uma competição covarde onde a lei do mais forte impera.

Então Carlitos é apresentado caminhando de forma despreocupada e desleixada pelos desfiladeiros de gelo. Um urso, saído de sua caverna, o persegue durante o percurso, mas o distraído garimpeiro não nota o perigo.
Essas duas cenas constroem o personagem para o espectador, salientando a forma como enxerga a vida e seus percalços. Os problemas, muitas vezes nem percebidos por Carlitos, são ultrapassados de forma natural, sem desespero ou ansiedade. A pureza do garimpeiro o protege das mazelas da natureza e do homem e o faz viver de forma simples e plena. Essa estrutura emocional do personagem permeará todo o filme num sistema de ação e reação (atitude e consequência) estruturada unicamente em sua índole.

O filme continua a desenvolver Carlitos por meio de gags (efeito cômico). E este talvez tenha sido o grande diferencial de Chaplin, que conseguia adicionar às suas piadas, muitas camadas: de elementos que impulsionavam a história até discussões sociopolíticas. Nenhuma gag era gratuita baseando-se apenas no humor vazio. Não a toa tinha a surpreendente capacidade de migrar do humor pastelão ao dramalhão ao longo da narrativa.
Perceba como Chaplin destaca a estranheza de Carlitos com aquele cenário tão diferente das cidades, ao afundar na neve tentando apoiar-se na bengala, ou ao usar um desenho como bússola. São piadas físicas que enriquecem a história do personagem e nos ajudam a elaborar seu psicológico. Pois rapidamente entendemos que ele não passa de um desesperado procurando uma maneira de emergir da condição de miserável.

A montagem paralela nos apresenta Big Jim e Black Larsen. Já que as sequências de Big Jim - garimpeiro ganancioso que encontrara uma mina de ouro - são intercaladas com as desventuras de Carlitos em busca desse mesmo sucesso, a cena da nevasca nos leva ao criminoso Larsen, consequentemente, salientando sua índole tempestuosa. E então os três são colocados no mesmo cenário: O miserável ingênuo, o garimpeiro ganancioso e o bandido inescrupuloso.
Big Jim, ao chegar na cabana, rouba o resto de carne de Carlitos que, bem menor que o adversário, aceita passivamente. Black Larsen, enfurecido com os invasores, os ameaça com a espingarda acarretando numa briga com Big Jim. Toda a sequência se constrói como uma alegoria à opressão das classes ricas e dos criminosos sobre os pobres. É Carlitos que fica na mira da arma e que será encurralado no canto da casa enquanto os dois brigam por interesses próprios. Ao fim da luta o garimpeiro censura qualquer tentativa libertária de Carlitos, deixando claro quem manda naquele recinto.

Por meio de um sorteio, Larsen sai à procura de alimento deixando os dois sozinhos na casa. Desesperados de fome resolvem comer um sapato velho. Esta gag reforça a índole de Carlitos e prepara para próxima situação cômica. Perceba como Chaplin degusta com absoluta naturalidade o cadarço e limpa os pregos como se fossem ossos de um saboroso assado. Não só engraçado, mas informativo, entendemos que o personagem adapta-se a qualquer situação, contentando-se com o pouco que lhe é dado. Sua satisfação com a precária "refeição" contrapõem com o inconformismo de Big Jim que recusa-se a aceitar as adversidades.

De caráter frágil, o garimpeiro entrega-se as dificuldades e cede a loucura. Passando a enxergar Carlitos como uma galinha, sua próxima refeição. A cena faz alusão ao capitalismo selvagem e sua competição voraz que já assustava na década de 1920. Os pobres eram - e ainda são - devorados pelos ricos em meio às crises. Perceba como Big Jim põe o casaco quando de fato resolve caçar Chaplin, relacionando-se com o urso do início do filme. Mesmo animal que irá impedir o assassinato e servirá de alimento, como uma milagrosa providência divina.

Mesma interferência divina que irá castigar Black Larsen pela morte dos dois policiais e pelos crimes anteriores. O assassino extrapola a lei dos homens agindo de acordo com seu egoísmo, entretanto, ainda assim, será julgado sob as leis da Natureza.
Chaplin, como humanista e esquerdista, tem nesse filme a obra pelo qual gostaria de ser lembrado. Um filme que, antes da comédia, é uma panfletagem contra o egoísmo humano, o capitalismo selvagem, o totalitarismo e qualquer tipo de opressão ou preconceito. E é dessa forma que devemos analisá-lo.
A introdução, com plano geral dos garimpeiros marchando à montanha de gelo, não só registra as dificuldades da empreitada como sucede a dois tipos de leitura: homens diminutos e frágeis inseridos naquele grandioso e traiçoeiro cenário e a uma falsa unidade cooperativa enfileirando-se como formigas ao migrarem por alimento - falsa, pois a ambição humana em busca da riqueza extrapola a uma competição covarde onde a lei do mais forte impera.
Então Carlitos é apresentado caminhando de forma despreocupada e desleixada pelos desfiladeiros de gelo. Um urso, saído de sua caverna, o persegue durante o percurso, mas o distraído garimpeiro não nota o perigo.
Essas duas cenas constroem o personagem para o espectador, salientando a forma como enxerga a vida e seus percalços. Os problemas, muitas vezes nem percebidos por Carlitos, são ultrapassados de forma natural, sem desespero ou ansiedade. A pureza do garimpeiro o protege das mazelas da natureza e do homem e o faz viver de forma simples e plena. Essa estrutura emocional do personagem permeará todo o filme num sistema de ação e reação (atitude e consequência) estruturada unicamente em sua índole.
O filme continua a desenvolver Carlitos por meio de gags (efeito cômico). E este talvez tenha sido o grande diferencial de Chaplin, que conseguia adicionar às suas piadas, muitas camadas: de elementos que impulsionavam a história até discussões sociopolíticas. Nenhuma gag era gratuita baseando-se apenas no humor vazio. Não a toa tinha a surpreendente capacidade de migrar do humor pastelão ao dramalhão ao longo da narrativa.
Perceba como Chaplin destaca a estranheza de Carlitos com aquele cenário tão diferente das cidades, ao afundar na neve tentando apoiar-se na bengala, ou ao usar um desenho como bússola. São piadas físicas que enriquecem a história do personagem e nos ajudam a elaborar seu psicológico. Pois rapidamente entendemos que ele não passa de um desesperado procurando uma maneira de emergir da condição de miserável.
A montagem paralela nos apresenta Big Jim e Black Larsen. Já que as sequências de Big Jim - garimpeiro ganancioso que encontrara uma mina de ouro - são intercaladas com as desventuras de Carlitos em busca desse mesmo sucesso, a cena da nevasca nos leva ao criminoso Larsen, consequentemente, salientando sua índole tempestuosa. E então os três são colocados no mesmo cenário: O miserável ingênuo, o garimpeiro ganancioso e o bandido inescrupuloso.
Big Jim, ao chegar na cabana, rouba o resto de carne de Carlitos que, bem menor que o adversário, aceita passivamente. Black Larsen, enfurecido com os invasores, os ameaça com a espingarda acarretando numa briga com Big Jim. Toda a sequência se constrói como uma alegoria à opressão das classes ricas e dos criminosos sobre os pobres. É Carlitos que fica na mira da arma e que será encurralado no canto da casa enquanto os dois brigam por interesses próprios. Ao fim da luta o garimpeiro censura qualquer tentativa libertária de Carlitos, deixando claro quem manda naquele recinto.
Por meio de um sorteio, Larsen sai à procura de alimento deixando os dois sozinhos na casa. Desesperados de fome resolvem comer um sapato velho. Esta gag reforça a índole de Carlitos e prepara para próxima situação cômica. Perceba como Chaplin degusta com absoluta naturalidade o cadarço e limpa os pregos como se fossem ossos de um saboroso assado. Não só engraçado, mas informativo, entendemos que o personagem adapta-se a qualquer situação, contentando-se com o pouco que lhe é dado. Sua satisfação com a precária "refeição" contrapõem com o inconformismo de Big Jim que recusa-se a aceitar as adversidades.
De caráter frágil, o garimpeiro entrega-se as dificuldades e cede a loucura. Passando a enxergar Carlitos como uma galinha, sua próxima refeição. A cena faz alusão ao capitalismo selvagem e sua competição voraz que já assustava na década de 1920. Os pobres eram - e ainda são - devorados pelos ricos em meio às crises. Perceba como Big Jim põe o casaco quando de fato resolve caçar Chaplin, relacionando-se com o urso do início do filme. Mesmo animal que irá impedir o assassinato e servirá de alimento, como uma milagrosa providência divina.
Mesma interferência divina que irá castigar Black Larsen pela morte dos dois policiais e pelos crimes anteriores. O assassino extrapola a lei dos homens agindo de acordo com seu egoísmo, entretanto, ainda assim, será julgado sob as leis da Natureza.
Continua...
Gostei muito dessa análise! Impressionante como 100 anos de história não são capazes de eliminar os problemas humanos.. como a evolução ainda está muito além de nosso tempo de vida e como ainda precisamos trabalhar para as próximas gerações.. Beijos meu Sherlock do cinema. Parabéns!
ResponderExcluirVOCE E CHATA PACAS!!!
ExcluirOdiei!!! Transar é melhor!!!MUITO MELHOR!!! VOU FAZER SEXO ATE MEIA NOITE!!!
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